terça-feira, 17 de janeiro de 2012


Este foi um trabalho sobre Cidadania que apresentei na faculdade, comentem se gostaram

CIDADANIA 

O conceito de cidadania está inserido no discurso do senso comum, e, justamente por isso ele merece a nossa atenção e nossa reflexão uma vez que todos os conceitos que fazem parte da existência comum, ou seja, que grande parte da população de alguma forma se envolve é um tema obrigatório de reflexão por parte do cientista social.
De acordo com a tese de Danilo Di Manno de Almeida, podemos construir uma reflexão bastante original a respeito do conceito sobre o que seria cidadania. Cidadania tanto no Brasil, tanto na America latina, transformou-se em: caridade, solidariedade, boa educação, formalização de direitos e proteção de consumo.
Afinal, isso é cidadania? Não, nada disso é cidadania.
Cidadania é um conceito que tem relação direta com política.
Não é se trata de uma política institucional, mas do verdadeiro conceito de política onde o povo possui uma participação efetiva política nas questões que atingem os seres humanos, o coletivo.
A caridade, a solidariedade, a boa educação, a formalização de direitos e proteção de consumo, ou seja, todos esses conceitos não são cidadania. A confusão conceitual sobre cidadania causa o esvaziamento do sentido político do conceito de cidadania causando um sério problema. Cidadania é a participação efetiva dos povos na transformação econômica social. É poder político, e o poder político é conseguir impor a vontade da maioria, através de muita luta. Exemplo clássico e oportuno de cidadania foi a Guerra da Água, que aconteceu na Bolívia, no ano 2000 (se não for no ano 2000 é 2001).
A cidadania refere-se a participação efetiva política de transformação da vida das pessoas, com interferência na economia (na vida econômica, na produção da vida), porém se considerada como caridade, solidariedade, boa educação, proteção ao consumo, que na minha opinião é um conceito apenas ideológico, além de possuir uma função clara de desmobilizar as massas e fazer as pessoas pensarem que cidadania é uma outra coisa, mantendo portanto, o sistema capitalista de produção.
A condição existencial das pessoas, no campo material e econômico é capitalista, portanto, os seus valores serão capitalistas e vão ajudar esse sistema econômico a se manter. Existe uma relação entre moral e capital. A moral é dependente do capital. A forma como os seres humanos organizam sua vida material vai interferir diretamente vai praticamente condicionar até determinar a forma que esses seres humanos pensam.
Existe uma teoria nova criada nos anos 70, mas só foi implantada de fato, no final dos anos 80, na America latina como um todo e nos outros países também, o neoliberalismo.
Essa doutrina enfraquece o poder do Estado, na condução da vida social, que diz que o Estado é corrupto, ineficiente e que os governos não tem condição de gerir a vida social, e defendem que os mercados, que os empresários tomem conta da vida social. Que essas corporações concorreriam, e que a partir da concorrência você vai ter produtos de mais qualidade, mais baratos e as pessoas vão vivendo. É a idéia de um Estado mínimo e um mercado forte, Maximo.
O neoliberalismo é o modelo de gestão das economias capitalistas e do processo de acumulação (anos 90) em que o papel do Estado na sociedade é minimalista, o poder efetivo concentra-se nas mãos do Mercado. O neoliberalismo implementado pelo governo de Reagan, nos EUA, e de M. Thatcher na Inglaterra, tem como objetivo fundamental neoliberalismo seria “libertar” as forças produtivas do capitalismo ocidental, impedidas e aprisionadas pela pressão exercida pela presença de um Estado intervencionista, ineficiente e burocratizado que controlava todos os processos “limitando” a concorrência de mercado e o crescimento da sociedade.
Na visão dos neoliberais o Estado não pode ficar intervindo na economia porque ele é ineficiente, burocrático, corrupto e etc.
A idéia é de o Estado que vai deixar a economia solta. Vivemos nessa doutrina a pelo menos duas décadas.
A lógica desse sistema é enfraquecer o Estado e fortalecer o Mercado reduzindo custos, ou seja, principalmente recorrer à privatização de setores que antes eram públicos.
O neoliberalismo tem um poder discursivo, uma ideologia fortíssima, tanto que é comum você ouvir discursos de defesa à privatização, entretanto, não podemos esquecer que o mercado pode ser tão ineficiente quanto o Estado, pode ser tão corrupto como o ele.
Se temos os princípios neoliberais extremamente moralizantes tomando os discursos da mente do individuo, existe portanto, uma espécie de ditadura. Toda ditadura é caracterizada por um pensamento único. Hoje podemos dizer que vivemos uma ditadura de mercado. Que impõe não só uma lógica econômica,mas impõe praticas de valores. Hoje, a educação está totalmente tomada por um discurso de mercado. E esse discurso de mercado faz um cerceamento da liberdade (pedágio). Nas se educam pensadores, mas mão de obra para o mercado.
Foi o neoliberalismo que descaracterizou o conceito de cidadania.
Hayek foi um filosofo que contribuiu para a formação do neoliberalismo afirma o seguinte: 

"o igualitarismo promovido pelo Estado de bem-estar, destrói a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência da qual da concorrência, da qual depende a prosperidade de todos. A desigualdade é um valor positivo”. 

Na grande crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973, as idéias neoliberais ganham terreno.
Então o neoliberalismo vai defender que liberdade é liberdade de mercado.
Apesar do pouco tempo de sua implantação essas idéias já estão enraizadas em nossos valores e nas nossas praticas cidadãs.
No neoliberalismo você tem uma discussão do primado de liberdade, no entanto, não é uma liberdade ampla, a liberdade de mercado. Numa sociedade livre nenhum propósito pode permanentemente dominar todos os outros; nem mesmo a eliminação do desemprego - A realização dada maior parte de nossas esperanças depende de um rápido progresso econômico.
O neoliberalismo vai defender que o humano é secundário. Nessa perspectiva só há progresso econômico quando estamos diante de um Estado fraco, mas com um mercado forte. Essas idéias ganharam força, tornaram-se “verdadeiras” moralizadas e direcionadas para a ação cidadã das pessoas. E lógico que diante desse neoliberalismo, a cidadania só poderia ter se convertido em caridade, solidariedade, boa educação, formalização de direitos e proteção ao consumidor.

Libertação, educação e sociedade

Paulo Freire um dos mais importantes pensadores brasileiros escreveu diversas obras, entretanto, dentre elas, foi proposto pela Faculdade a leitura de duas obras clássicas: Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Autonomia.

Sobre tais obras posso destacar a perseverança do autor em acreditar no poder do povo, das massas populares. Ah se ele ainda estivesse vivo e pudesse ver o movimento que as redes sociais fazem, com certeza ainda mais esperança ele veria ... ou não ...

A Pedagogia do Oprimido em síntese muito rápida pode ser considerada a pedagogia da libertação. Onde a sociedade buscando através de muita luta libertar-se do opressor. A educação considerada como bancária pelo autor é a mesma que acontece nos dias de hoje, e, ela é a principal causa para a efetivação desse sistema opressor. Educação bancária é uma educação silenciosa, sem diálogo, onde o professor deposita o conhecimento do aluno. Interessa a eles apenas incitar a encaixar esse novo produto em nossa sociedade opressora.

O autor ainda afirma que na sociedade existem duas figuras antagônicas: o opressor e o oprimido.

O opressor que domina e reprimido através de uma vocação de "ser mais".

O oprimido é aquele vulnerável que sofre a dominação do opressor. Tem vocação para "ser menos" Ao oprimido não é permitido questionamentos. Ele é desumanizado, ou seja, aceita o sistema do jeito que é. Não oferece resistência.

O oprimido vive em uma dualidade, uma de aceitar ser oprimido e outra em parecer com o opressor. Essa dualidade não permite sua libertação. A libertação só poderá ocorrer quando o oprimido enxerga sua condição e buscar sair dela. A libertação acontece através da busca pelo conhecimento.

A partir do momento que oprimido descobre sua condição e vê meios para lutar contra essa situação é o momento que adquire autonomia, e, esta é a principal arma contra os opressores. A autonomia pressupõe a liberdade e, portanto, adquire forças para lutar.

E o conhecimento começa pela educação. O autor almejava uma educação baseada no diálogo, na crítica, pois assim poderíamos construir pensadores, a chamada educação dialógica e problematizadora.

Importante salientar que ao falar de libertação através das massas populares, o autor fala de liderança revolucionária. Uma pessoa pode ser colocada para falar em nome dos demais, este só não pode esquecer que fala em nome de todos em uma só voz, portanto, não pode atender a seus próprios interesses ou de alguns, que foram por ele eleitos.

A liderança revolucionária não pode retirar um sistema opressor e trocá-lo por outro. A revolução se faz para libertar-se do antigo regime e não substituí-lo por outro com novos personagens.

Assim, na Pedagogia do Oprimido parece clamar por uma libertação através de pensadores que através da união mudem sua situação de dominados e vivam em uma sociedade justa e livre.

A Pedagogia da Autonomia sistematiza a função do educador para educar pelos caminhos de uma educação dialógica problematizadora. Em rápida síntese também a obra questiona a posição dos educadores e educandos. O professor não pode ser considerado um sabe tudo que passará seus conhecimentos. Ele deve ensinar e aprender ao mesmo tempo, deve questionar seus alunos, despertar interesse pelo aprendizado.

O primeiro capítulo "não há docência sem discência" é o modelo de educação para o autor.

Falei beeemmmm resumido, sei que falta muita coisa, mas espero que gostem!!! E fica a dica de leitura das obras de Paulo Freire: Autonomia do Oprimido e Pedagogia da Autonomia.